O mundo está em crise. Uma crise que se reflete na economia e na política, principalmente, dos países da zona do euro, mas que tem uma base no desgaste de um modelo de desenvolvimento construído a partir do final da Segunda Guerra Mundial, em boa parte por essas mesmas nações que hoje estão passando por dificuldades, além, é claro, dos Estados Unidos. O Brasil, que possui hoje um inédito papel de maior proeminência no mundo, também sente os efeitos dessa crise. No entanto, diferentemente das anteriores pelas quais passamos, especialmente, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, a conjuntura atual é nova, muito mais complexa e menos pontual.
Um dos sinais de quão diferente é o cenário agora é o fato de o País estar sediando neste momento a Rio+20, a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, cujo objetivo é discutir exatamente um pacto internacional que contemple uma nova equação entre consumo, desenvolvimento e sustentabilidade.
“A grande questão que fica é como as economias podem funcionar sem o paradigma do crescimento do consumo. A verdade é que ainda não sabemos. Há cerca de cem anos, as séries econômicas se baseiam na ideia de que estabilidade depende do aumento do crescimento. Agora é urgente desenvolver séries em que seja possível pensar em estabilidade econômica e financeira sem depender de crescimento”, afirmou, em entrevista ao jornal Valor Econômico, o matemático e filósofo Tim Jackson, que está no Brasil para a Rio+20.
Muitos podem ficar se lamentando: “Puxa, mas bem na hora em que o Brasil tinha tudo para deslanchar e crescer, bem na hora em que ele chega na festa, as luzes estão se apagando e está todo mundo ficando de ressaca!” Essa pode ser uma leitura do momento em que vivemos. Mas há também diante desse cenário algumas lições a ser aprendidas e o Brasil, por ser relativamente um ator novo nesse filme que começa a se desenrolar, pode desempenhar seu papel de uma forma mais efetiva e plena se souber encarar o que está sendo descortinado.
Está claro que o modelo de desenvolvimento construído há tempos é insustentável e nessa crise se juntam várias. Não só a financeira, mas também a climática, de alimentação, de energia. É necessário a criação de novos padrões de consumo.
Tim Jackson dá algumas pistas: “Quando falamos sobre a direção que o consumo sustentável deve tomar, falamos na mudança da ênfase nos serviços que realmente importam para nós, como educação, assistência social e lazer. A ideia é construir a economia em torno desses serviços, não sobre bens materiais.”
Quando o governo brasileiro escolhe o setor automobilístico para dar incentivos com vista a estimular a venda de carros e ajudar na recuperação da economia do País, em vez de estimular outros setores que tenham menor impacto no meio ambiente, dá uma mostra de que o caminho para uma mudança de padrão de consumo está ainda muito longe de ser conquistada. O mérito da Rio+20 é justamente lançar luz a essas questões em um momento em que tudo está sendo colocado em xeque. E cabe a cada um de nós uma autoanálise sobre o nosso papel diante dos desafios que essa nova realidade nos impõe.
Fonte: M&M
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