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Como melhorar os anúncios para reduzir as chances de fomentar fake news

18/03/25

Será que a sua marca já ajudou a financiar fake news?

É importante refletir sobre onde vão parar seus anúncios. Você sabia que o investimento em mídia digital deve passar dos 350 bilhões de dólares apenas nos Estados Unidos? Desse montante, 92% devem ser investidos em mídia programática, ou seja: por meio de publishers que definem em qual plataforma o anúncio será colocado. Com isso, o anunciante não tem controle sobre onde o seu produto será anunciado.

Com isso, aumentam as chances de sua empresa patrocinar plataformas de disseminação de conteúdo duvidoso. Esse assunto foi debatido em um painel da SXSW, evento de inovação em Austin, e repercutido no artigo de Carlos Merigo no B9.

Políticas, desinformação e outros desafios

Segundo o artigo, o painel “Tackling Advertising in the Misinformation Era” discutiu a redução ou abolição das políticas de moderação do X e da Meta, bem como o aumento da produção de notícias falsas e o aumento da divisão política. Tudo isso tende a fazer com que os anunciantes se tornem, em algum grau, financiadores dos sites e plataformas que causam esses problemas tão importantes do mundo atual.

Outro desafio citado é a rapidez dos conteúdos gerados por IA, que contribuem para o aumento exponencial da avalanche de informações falsas ou perigosas. Ao desenvolver anúncios, as empresas devem estar cientes desse ambiente.

Atitudes para melhorar os anúncios e evitar problemas

Pesquisa indica preferência por anúncios que fazem sentido

O primeiro passo, segundo o artigo, é definir o nível de rigor que a empresa ou marca deseja ter em relação à sua mensagem e a forma como ela se encaixa no ambiente (seja ele de fake news ou discurso de ódio, por exemplo). Ter clareza disso é fundamental para definir os passos seguintes que serão dados. Portanto, conhecer e definir os próprios valores, tom e identidade é preponderante.

Em seguida, a revisão humana se faz necessária. Todas as discussões relacionadas à Inteligência Artificial sempre chegam à conclusão de que ela só funciona quando operadas em parceria com a inteligência humana. Desta forma, é importante que a marca, caso opte por anunciar em mídia programática, esteja atenta para as plataformas e sites onde seus anúncios serão colocados, e trabalhe com mecanismos de impedimento de veiculação do anúncio caso haja algum tipo de presença indesejável.

Auditorias regulares e contratos transparentes, além de ferramentas de inteligência para definir os espaços não confiáveis também são medidas que os especialistas recomendam.

No frigir dos ovos, o que se recomenda é não entregar os anúncios a um publisher e deixar que tudo ocorra sem verificação e checagem. Com a proliferação de Fake News e de conteúdo de ódio, as marcas devem se alertar para isso.

Destinar mais verba para parcerias focadas e vinculadas a um veículo específico ou influenciadores que interessem à empresa também pode ser uma ótima saída. Isso significa que, ainda que a mídia programática seja importante, os departamentos de marketing podem dar espaço para outros modelos.

Ferramentas para auxiliar contra fake news

Ainda no bojo desse debate, especialistas indicam diferentes ferramentas para que os anunciantes controlem e evitem a presença em plataformas duvidosas. NewsGuard e FACMATA são ferramentas que classificam sites com base na presença de fake news ou não, enquanto Ad Fontes e Scope3 são ferramentas capazes de determinar vieses e inclinações dos sites. Há ferramentas como o AdLoox, por exemplo, que fazem a verificação direta dos anúncios específicos em mídia programática.

Mais do que proteger a própria marca, preocupar-se com o meio em que ela veicula seus anúncios é também uma forma de proteger a sociedade. Afinal, é também responsabilidade de uma empresa cuidar para não acabar financiando projetos que causam danos às pessoas.