Notícia

Consumidores ajudam marcas a criar o “produto perfeito”

13/11/12

Por que o envolvimento de consumidores com produtos e serviços antes do lançamento está se tornando cada vez mais comum

Na economia de expectativas na qual vivemos hoje, consumidores desejam nada menos que o melhor. Eles querem agora, antes de todo mundo e com exclusividade. E ainda, querem uma conexão real e humana.

De fato, isso tudo é exigido. Graças às plataformas de crowdsourcing, novas tecnologias de produção, que finalmente estão mais acessíveis e (como não poderíamos deixar de citar) o culto ao empreendedorismo, os consumidores são cada vez mais “presumers”; são capazes de satisfazer os seus desejos por meio do envolvimento com produtos e serviços antes de seu lançamento.

O envolvimento de consumidores com pré-lançamentos de produtos e serviços não é algo novo. Pense em cocriação e na tendência “customer-made” e veja como essa é uma tendência forte até hoje. Mas o papel do consumidor como cocriador é visto muitas vezes apenas como uma forma de mostrar o seu talento em marketing ou design, enquanto “presumers” são essencialmente interessados em conseguir aquilo que eles desejam: um produto incrível e uma história sensacional.

Seja pela motivação para criar o “produto perfeito” ou pela excitação em fazer parte de uma causa, “presumers” adoram se envolver, ajudar, financiar e promover produtos, serviços antes que eles existam.

Por que podemos dizer que os “presumers” serão grupos cada vez maiores, mais relevantes, ativos e poderosos nos próximos anos? Aí vão cinco fatores que impulsionam essa tendência:

1) Mais, mais rápido, melhor, especial e agora

Os consumidores de economias desenvolvidas enfrentam o desafio do excesso de escolhas. Como eles respondem a isso? Idolatrando o “novismo“, e suas (legítimas) promessas de oferecer sempre o melhor, o mais novo, o mais especial, o mais rápido e assim por diante.

Aliás, sabe qual é a última de “novismo”? É consumir, e no futuro. Não é à toa que “presumers” estão se envolvendo no lançamento dos seus produtos e serviços favoritos: ao ajudar uma ideia a se tornar realidade através de investimento, feedback e apoio, eles serão os primeiros a ter o que querem – de preferência com direito a algumas regalias. Não há nada mais novo e mais “primeirismo” do que isso.

2) Maiores histórias, mais status

Status sempre foi “o fator” por trás de todas as tendências de comportamento de consumo. Quando “presumers” se envolvem em pré-lançamentos e acompanham o processo até o final, eles estão criando ótimas “histórias de status” para compartilhar, tuitar, postar ou dividir com outras pessoas.

Então, o “presuming” coloca sempre o consumidor um passo adiante: não trata-se apenas do status de possuir o produto, mas também do status de ter se envolvido em seu lançamento.

3) Pertencimento: vamos nos reunir, aqui e agora

“Histórias de status” são ainda mais poderosas se não forem apenas sobre um ótimo produto ou serviço, mas se estiverem ligadas à causas ou movimentos nos quais o consumidor acredite e ofereça um senso de pertencimento que vai além da excitação da posse deste ou daquele produto.

Muitos “presumers” são apaixonados pelos produtos que apoiam e financiam. É por isso queKickstarter, por exemplo, pode afirmar que uma boa ideia tem oito vezes mais chances de ser financiada através de sua plataforma do que de ser vendida e lançada através de uma grande corporação.

Isso também explica como a norte-americana Razoo, uma plataforma de crowdfunding focada em ONGs e iniciativas sem fins lucrativos, anunciou em agosto de 2012 ter arrecadado 100 milhões de dólares para os projetos hospedados em seu site.

4) Online é offline é online…

Consumidores amam comprar online porque isso implica poder agir (participar, conversar, criar e ajustar) para conseguir aquilo que querem. Agora eles esperam que o mesmo se aplique ao consumo “offline”.

O engajamento criado com pré-lançamentos, que define o “presuming”, facilita esse tipo de relação. “Presumers” não querem apenas comprar antecipadamente, eles desejam comprar em uma via de mão dupla: onde eles possam expressar seus desejos enquanto as marcas recebem um feedback extremamente valioso.

E graças ao “Jumpstart our Business Startups (JOBS) Act” – legislação norte-americana aprovada em 2012 que facilita a regulamentação financeira federal, permitindo que pequenos investidores e consumidores comprem ações de startups – os “presumers” dos Estados Unidos poderão, em um futuro próximo, comprar participações dos projetos que apoiam.

Dessa maneira esses “presumers” irão se tornar na verdade “custowners“, não só consumindo, mas também investindo em marcas. Até onde esta tendência pode chegar? Bom, se os cidadãos norte-americanos investissem um décimo do que gastam em apostas por ano, teríamos 55 bilhões de dólares disponíveis (Fonte: Fundable, setembro 2012). Será que outros países vão seguir este caminho?

5) Novas plataformas de produção, financiamento e vendas

Uma plataforma para a atuação dos “presumers” vem sendo construída aos poucos no mundo dos negócios, graças à popularidade do crowdfunding e o movimento de “Make it yourself”  (Faça você mesmo), além, é claro, do culto ao empreendedorismo.

Para começar, veja estes dados sobre crowdfunding:

  • Até abril de 2012 existiam 452 plataformas de crowdfunding operando globalmente – um grande aumento, comparado com apenas 100 existentes em 2007. (Fonte: Massolution/The Economist, maio 2012)
  • Em 2009, plataformas de crowdfunding arrecadaram um total de USD 530 milhões. Em 2011 foram USD 1,4 bilhão. Para 2012, a previsão é de que este valor duplique, chegando a USD 2.8 bilhões. (Fonte: Massolution/The Economist, maio 2012.
  • Desde o seu lançamento em 2009 até fevereiro de 2012, Kickstarter ainda não tinha abrigado nenhum projeto de 1 milhão de dólares. Atualmente são 12 os projetos que já arrecadaram mais do que isso.

A esta altura não podemos deixar de falar de “intent” (intenção): enquanto a tendência “presumer” é sobre marcas e negócios expondo seus planos e consumidores respondendo a isso, intenção se trata de primeiro ouvir os desejos de seus clientes e depois atuar segundo eles. Podemos dizer, então, que “intent” e “presumers” são dois lados de uma mesma moeda: marcas e consumidores dialogando entre si antes que produtos e serviços sejam lançados.

Ainda, sobre “Make it yourself” e o crescimento do empreendedorismo: não podemos esquecer que estamos presenciando o nascimento de uma geração de “makers-de-ocasião”. Entusiastas com pouco tempo livre, mas que através de tecnologias como impressão em 3D podem manufaturar produtos que, há alguns anos, só poderiam ser criados em linhas de produção de fábricas.

O custo de impressoras industriais caiu drasticamente: de 800 mil dólares em 1999, para 15 mil dólares 2012 (Fonte: The Economist, setembro 2012). Versões caseiras chegam a custar mil dólares. (Fonte: The Economist, setembro 2012). Enquanto isso, uma pesquisa feita pela empresa Wohlers Associates revela que o mercado para produtos manufaturados por impressoras 3D já se aproxima de 1,3 bilhão de dólares por ano. A estimativa é de que aumente para 3,1 bilhões em 2016 e 5,2 bilhões em 2020.

Junte a isso o imensurável volume de empreendedores e inovadores online, e você verá uma avalanche de pequenas e grandes iniciativas que nunca mais deixarão de levar em conta o investimento de “pessoas comuns”. Aliás, estes “makers” não só possibilitam que “presumers” se conectem com produtos especiais, mas também permitem que eles o façam de acordo com os seus desejos . O que isso te diz a respeito do Long Tail de produtos físicos?

Veja os Exemplos aqui!

Fonte: Exame