“Por que consumidores aceitam ficar em filas, esperando por tanto tempo para comprar um produto ou usar um serviço?”, provocou Luciana Stein, diretora da trendwatching.com na América do Sul e Central. A resposta, segundo ela, vai bastante além do produto e da compra, em si.
“Essas pessoas estão nas filas porque querem experiências que as transformem, sejam essas experiências derivadas de um produto ou um serviço”, explicou. “O novo é uma promessa de transformação”.
Luciana esteve ontem no Seminário de Tendências de Consumo da consultoria, em São Paulo, onde falou sobre as inovações que estão movimentando as pessoas, as marcas e o consumo na América Latina.
Veja a seguir 10 tendências citadas e exemplificadas pela pesquisadora.
Trata-se de uma nova zona de experimentação, em que os consumidores, principalmente os residentes na América Latina, buscam cada vez mais o novo, o inédito e personalizado.
“Newism está relacionado ao desejo por inovação em um estado e espírito de vida”, diz Luciana. “Para isso, também precisamos falar de escolhas: mais dinheiro resulta em um maior número de escolhas, e isso é potencializado com a emergência da classe C”.
É dessa tendência, segundo a diretora da trendwatching.com, que surge também a segmentação do mercado em nichos cada vez mais especializados.
Com tantas opções, as pessoas precisarão de possibilidades de consumo cada vez mais curtas, rápidas e flexíveis para que seja possível aproveitar todas elas, ou pelo menos grande parte.
“O que era fixo, agora está pronto para ser fracionado em pequenos momentos, menos duradouros e mais ágeis”, afirmou Luciana.
Exemplos
Chasqui Bus (Peru): serviço que permite aos mochileiros obter informações, fazer reservas em hotéis e locações e comprar passagens de ônibus aos poucos, durante a viagem, sem a necessidade de reservar tudo antes de começar a “aventura”. Com isso, o mochileiro não precisa se preocupar em seguir um roteiro restrito e pode mudar de ideia se desejar passar por lugares que não estavam no planejamento.
Gym Pass (São Paulo): diárias flexíveis para academias, sem que seja necessário contratar um plano semestral ou anual. Você escolhe a academia, compra um passe diário para a aula que desejar e participa da aula.
Web Salão (Curitiba): um salão onde é possível contratar serviços de beleza como corte de cabelos e manicure pela internet e recebê-los no local solicitado. O pagamento também é feito pela internet.
Cochilo (São Paulo): aberto há menos de um mês em plena rua Augusta, em São Paulo, esse serviço permite o aluguel de uma cama para um cochilo rápido.
Essa tendência está relacionada à valorização do estudo em função do crescimento profissional e do aumento da renda. O aumento da renda, por sua vez, impulsiona o desejo da expansão das fronteiras pessoais.
“Cada vez mais, as pessoas serão valorizadas pelo que sabem e empreendem”, explicou Luciana.
Exemplos
Vivo: a operadora criou o “Vivo Português com Professor Pasquale”, uma aula de português acessada por SMS, portal de voz e site.
Geeknic: piquenique de geeks criado em Bogotá, na Colômbia.
A valorização do sustentável também como uma forma de status. Tanto para indivíduos quanto para marcas, a ideia do verde e do ecológico está cada vez mais presente em atitudes e campanhas.
Exemplo
VERDEate (Colômbia); plataforma online que faz associações com organizações e empresas para incentivar experiências mais sustentáveis, mesmo que seja durante algumas horas por semana.
Diz respeito à generosidade na América Latina e às diferentes formas encontradas pelas empresas para retribuir gestos altruístas de consumidores que ajudam a mudar a realidade social dos lugares onde vivem.
Exemplos
Buchannan’s (Venezuela e Colômbia): a marca de uísque escocesa propôs a seus consumidores na Venezuela e na Colômbia que doassem 4 horas semanais para atividades comunitárias e educacionais. Em retribuição, a bebida organizou um concerto de rock somente para os voluntários. Detalhe: a banda, anuncianda somente no final do projeto, foi a famosíssima “The Smashing Pumpkins“.
Um Teto para Meu país (Brasil): hoje chamada “Teto”, a ONG atua em 19 países da América Latina e convida jovens a ajudarem na contrução de casas emergenciais e para comunidades carentes, atuando em programas de habitação social.
Recentemente, a organização retribuiu voluntários gravando seus nomes nos pregos usados na construção das casas. Os doadores ainda puderam acompanhar, por meio do aplicativo Prego Maps, a localização da casa construída com sua ajuda.
O orgulho de ser latino-americano. Algumas marcas que resgatam a “latinidad” estão conseguindo se aproximar dos consumidores.
Exemplos
Club Colombia (Colômbia): a marca de cerveja criou uma campanha chamada “Orgullo perdido”, em que reuniu pessoas que aprenderam ofícios artesanais desde pequenos, com seus pais e avós, para ensinar os mesmo ofícios a gerações mais novas como forma de não deixar a cultura morrer.
Depois de reunir os artesãos em grupos e criar páginas para todos no Facebook, a marca convidou consumidores para uma votação online que decidiria qual das comunidades receberia mais dinheiro para desenvolver projetos e oficinas.
Cómo se dice: aplicativo que traduz gírias para diversas línguas latinoamericanas.
Além de ajudar resgatar a história de comunidades, no Souvenir 2.0 esses resgates ajudam a traçar uma nova lógica de compreensão dos lugares e seus personagens, valorizando, em alguns casos, características hiperlocais. Pode ser feito de forma colaborativa, ecosustentável, customizada e com forte compromisso ético.
Exemplos
No brand (Argentina): designers se reuniram e criaram produtos baseados na iconografia argentina, retratando as pessoas mais representativas das comunidades.
Brasil Quest (Brasil): lançado pela Embratur, o jogo digital tem app para iPhone e Android e é baseado na história de um extraterrestre que chega ao Brasil e precisa passar por diversos desafios para saber mais sobre o país.
Aqui, os desejos de transformação surgem do indivíduo e se expandem para a esfera coletiva. “I Love my City” parte da relação que as pessoas têm com as cidades onde vivem para um redesenho dessa relação.
“Vemos aqui marcas ajudando pessoas a lidar com o caos e o descuido urbano, ressignificando a maneira como as pessoas vivem hoje nesses centros”, comenta Luciana.
Exemplos
Buus (Brasil): aplicativo colaborativo do Rio de Janeiro que identifica a proximidade dos ônibus urbanos e avisa o status de lotação do veículo.
Urbanizas (México): app que traça de forma colaborativa os problemas das grandes cidades e cria um mapa urbano.
Shoot the Shit (Brasil): coletivo urbano de Porto Alegre que, ao perceber que os pontos de ônibus da cidade não traziam a indicação sobre quais linhas passavam pelos locais, colou adesivos de sinalização em que as próprias pessoas podiam ajudar a identificar as rotas. Com base neste projeto, a prefeitura municipal modificou a sinalização da cidade. O próprio Shoot the Shit foi chamado para participar do projeto.
Astrovandalistas (México): coletivo translocal com sede na Cidade do México que criou uma “arma sonora“. “Queremos amplificar o questionamento coletivo sobre o espaço da violência na história recente do México”, diz o grupo em seu site.
Ao encontrar uma grande estrutura metálica abandonada na cidade, o grupo instalou 64 tubos galvanizados conectados a um motor. Integrado ao Twitter, o mecanismo dispara um barulho altíssimo cada vez que alguém protesta usando a hashtag #BANGCampoMarte.
“Essa estrutura cria uma perturbação entre offline e online”, comenta Luciana. “Isso é uma identificação de situações e lugares em que as marcas poderiam estar. Estamos falando de marcas que começam a integrar movimentos, muito mais do que apenas estampar o logo”.
Aplicativos ajudam consumidores a se proteger da insegurança e dos perigos de grandes centros.
Seguridad en línea (Colômbia): plataforma colaborativa de segurança que registra roubos, homicídios, perturbações da ordem pública e situações de violência em Meddelin.
Agentto (Brasil): app que instala uma central de segurança em tempo integram no smartphone. O usuário pode escolher pessoas de sua confiança, que receberão um aviso caso você acione um botão de pânico silencioso no celular.
A tendência de marcas agirem de forma progressiva nas estruturas, atuando em papéis que costumavam ser de governos torna-se cada vez mais forte.
Exemplos
Projimo (Argentina): agência de Buenos Aires que usa profissionais da publicidade para trabalhos volunetários em comunidade, ensinando pessoas a fazer anúncios, se expressar e se integrar a partir da comunicação.
A primeira campanha da Projimo chama-se “Momentos gratis“, e foi feita com vídeos enviados pelo público, com momentos importantes da vida dessas pessoas que não custaram praticamemente nada.
Fonte: Exame
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