“A prática colaborativa é que vai ditar o ritmo do crescimento no futuro. As pessoas estão percebendo que é impossível inovar sozinhas”, diz Anderson Rossi, coordenador do núcleo de inovação da Fundação Dom Cabral.
Um assíduo defensor e pesquisador do conceito de inovação aberta, teoria formulada pelo professor Henry Chesbrough, da Universidade de Berkeley nos Estados Unidos, Rossi explica que a ideia defende a abertura do processo de inovação – da geração do conhecimento à comercialização. “Inovação aberta é criar um fluxo constante de troca de informações da empresa para o mercado e vice-versa.”
As vantagens desse tipo de inovação, de acordo com Rossi, é que as companhias diminuem o risco e os custos na hora de investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e têm como resultado um produto e/ou serviço de maior qualidade. “Inovando em conjunto, pode-se diminuir o erro e as chances de rejeição do mercado”, garante o docente.
Claro que, nem sempre tudo funciona perfeitamente. Por isso, Rossi observa que é importante selecionar bem os parceiros e se ater à questões contratuais, principalmente as referentes à confidencialidade dos envolvidos no processo de inovação. “Em alguns casos, como existe a divisão dos custos, é normal que as partes resolvam dividir os lucros do produto ou serviço final quando este estiver disponível no mercado”, diz.
Em um levantamento exclusivo da Dom Cabral abordando a questão aqui no Brasil, os dados preliminares demonstram que o Brasil ainda investe muito mais em inovação incremental, que visa à melhoria ou modernização de produtos e serviços existentes.
Os investimentos em inovações incrementais representam 81% do total, contra 19% de investimentos em conceitos totalmente novos. A amostra traz informações de 72 companhias no Brasil e foi feita entre junho e setembro deste ano.
O dado que mais chamou a atenção dos docentes, no entanto, foi de que no país a fase mais aberta do funil da inovação é a do desenvolvimento enquanto que a menos aberta é a da pesquisa.
Hoje funcionários, fornecedores e instituições de ensino são os principais parceiros no processo de inovação no Brasil. “Só que ainda precisamos de ajustes. Afinal, esse é um processo muito recente – tem cerca de cinco anos – e o tempo das universidades é diferente do tempo das empresas”, avalia Rossi.
Mesmo assim, o professor assegura que evoluímos muito. Ele conta que em 2008, quando a primeira pesquisa levantando essas questões foi feita, a maioria das companhias mal entendia o conceito de inovação aberta. Esse ano, porém, 60% das empresas que responderam ao questionário da FDC acreditam que esse é o caminho para conseguir inovar.
Incentivo público
Se de um lado temos as instituições de ensino e, de outro, as instituições privadas, no meio podemos encontrar o poder público desenvolvendo legislações específicas para incentivar empresários e cientistas a inovarem processos, produtos e serviços.
Para isso, temos duas leis: a número 10.973 de 2004, conhecida como “Lei da Inovação” e a de número 11.196 de 2005, intitulada de “Lei do Bem”. Os últimos dados disponíveis do Ministério de Ciência e Tecnologia demostram que menos de 400 empresas brasileiras utilizam a Lei do Bem de incentivo a inovação.
E, para Rossi, um dos principais motivos é que os empresários ainda não conhecem direito a legislação e nem como utilizá-la. “Mas para quem utiliza, consegue diluir o custo do investimento em inovação em até 40% usando a cláusula de renúncia fiscal”, pontua.
Já a Lei da Inovação é um estímulo governamental para que as companhias se aproximem das universidades e das incubadoras tecnológicas para o fomento de práticas inovadoras. Mas existe um consenso entre empresas e pesquisadores de que a legislação ainda precisa de muitos ajustes para se popularizar. “O legal disso é que o governo também quer ser parceiro na arte de inovar”, encerra Rossi.
Fonte: Portal HSM
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