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O que a Marisa Maiô ensina sobre IA e criatividade

17/06/25

Se você está presente nas redes sociais, certamente deve ter ouvido falar da Marisa Maiô. Trata-se de uma personagem criada por Inteligência Artificial que pode até parecer real à primeira vista, mas que logo gera desconfiança devido às situações absurdas. A personagem foi criada pelo humorista Raony Phillips, famoso pela criação dos vídeos da série “The Girls in the House”. Após fazer algumas tentativas com o Veo 3, a nova IA de criação de vídeos do Google, o roteirista e criador publicou os vídeos nas redes sociais, que logo viralizaram.

O sucesso repentino da personagem Marisa Maiô pode trazer algumas reflexões importantes sobre o uso da IA para vídeos – e até mesmo para outras criações.

1- Não basta usar IA sem criatividade

Sem a criatividade e o humor característico do criador dos roteiros, a personagem Marisa Maiô certamente não teria a mesma graça. O sucesso da personagem tem muito mais relação com as situações inusitadas do que com as imagens geradas. A inteligência artificial não consegue criar nada sem o “prompt” criativo de uma inteligência natural.

2- Trabalho criativo merece reconhecimento

Algumas emissoras de TV já tentaram surfar na onda do sucesso da apresentadora fictícia, colocando uma atriz para fazer cenas de humor. Ainda que a imagem da personagem seja uma amálgama de outras pessoas (o que abre espaço para debater a fonte das criações da inteligência artificial), a personagem foi criada, no fim das contas, pelo roteirista que publicou primeiro.

Qualquer utilização da personagem certamente cairá nos direitos autorais de seu criador.

3- Se a IA é genérica, brinque com isso

A personagem Maria Maiô é uma mulher comum que apresenta um programa de auditório típico da televisão brasileira. Qualquer pessoa consegue identificar a dinâmica dos personagens que aparecem, bem como os tipos de entrevistados e as informações que são esperadas deles.

Ao criar a personagem, Raony se utiliza do fato de a IA ser boa para desenvolver cenas “típicas” ou “genéricas”, com base em imagens usuais, e brinca com isso, criando humor em cima de algo que faz parte do nosso dia a dia. A inteligência dessa proposta permite que o roteirista desenvolva sua ideia, provavelmente, com menos tentativas, já que a produção de vídeo com IA se dá na base de prompts, tentativa e erro, e a criação de imagens mais comuns tende a ser mais fácil em comparação com imagens mais inesperadas.