Eficiente tanto para o meio ambiente quanto para a saúde, o uso da bicicleta vem crescendo no Brasil. Seu maior sucesso ainda é nos pequenos municípios, que representam 90% das cidades brasileiras. Nas grandes cidades, os adeptos ainda precisam lutar pelos seus direitos, mas o panorama vem melhorando com algumas ações.
Um exemplo é o Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta criado em 2004 pelo Ministério das Cidades. Desde então, de acordo com o órgão, o número de municípios que apresentam algum tipo de via para bicicleta passou de 99 para 276. Na época eram 600 quilômetros de ciclovias e hoje são 2.505.
A adaptação a esse meio de transporte é uma tendência mundial. A Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu a bicicleta como o transporte ecologicamente mais sustentável do planeta. Em trajetos curtos, cerca de 3 quilômetros, a bicicleta é mais rápida e pode substituir o automóvel.
Em Dublin, na Irlanda, por exemplo, 11% da população têm a bicicleta como o principal meio para ir ao trabalho. A Suécia é um país frio, mas 33% de todo o deslocamento realizado na cidade de Västerãs, com 115 mil habitantes, é feito com bicicleta.
A Suíça não é um país plano e, mesmo assim, a bicicleta é utilizada em 23% dos deslocamentos, na cidade de Basiléia, com 230 mil habitantes. A Dinamarca e a Holanda, países planos, lideram a utilização da bicicleta na Europa, com 958 e 1.019 quilômetros percorridos por habitante, respectivamente, a cada ano.
Incentivando as pedaladas dentro e fora da companhia
Preocupada com o impacto dos automóveis nas grandes cidades, a Shimano – empresa japonesa, líder mundial de componentes para bicicletas – é uma das empresas que busca criar ações que possam incentivar cada vez mais o uso da bicicleta, tanto dentro quanto fora da empresa.
A multinacional, que responde por aproximadamente 70% do mercado mundial em seu segmento, conta com incentivos para os funcionários usarem mais a bicicleta. Além de descontos para adquirir equipamentos, a empresa oferece infraestrutura para quem quiser ir ao trabalho usando esse meio de transporte como bicicletários e vestiários.
Em janeiro deste ano também foi criado um programa para aumentar a utilização das escadas do prédio. Os funcionários apontam datas e horários em uma planilha e, ao final do mês, quem mais tiver usado as escadas ganha uma bicicleta. Os funcionários são incentivados ainda a participar de competições que a Shimano patrocina.
A expansão internacional da Shimano, que passa pelas operações na América Latina, e registrou em 2010 um faturamento de US$ 45 milhões, teve a subsidiária brasileira escolhida para desenvolver boas práticas e dar suporte a toda a rede de distribuidores da região. De acordo com o presidente da Shimano Latin America, Fabio Takayanagi, a empresa tem a preocupação em conscientizar a população dos benefícios do ciclismo tanto para a saúde quanto para a melhora do trânsito nas cidades.
Com esse foco, a empresa passou a oferecer cursos gratuitos, chamados Seminários Técnicos Shimano, para qualificar os profissionais da área. Destinado à mecânicos, vendedores e representantes técnicos, os cursos têm o objetivo de atualizá-los sobre os produtos e tecnologias da Shimano, além de aprofundar o conhecimento do grupo sobre o ciclismo. Os 50 participantes de cada turma recebem apostila e certificado. No último ano, atendemos cerca de 1.100 mecânicos de 15 estados brasileiros”, ressaltaTakayanagi.
Na temporada 2012 dos seminários, sua quarta edição, as aulas serão ministradas pela dupla de técnicos da Shimano, Gleidson Slompo e Ronaldo Huhm. De acordo com os profissionais, as informações sobre as novas tecnologias serão os destaques dos cursos. A Shimano irá passar por 16 estados brasileiros, incluindo cidades que receberão o curso pela primeira vez.
Com o aumento do interesse do mercado brasileiro pelo ciclismo, a meta é reunir cerca de 1.300 profissionais. “Há um grande debate sobre o tema nas grande cidades e a conscientização da bicicleta como alternativa de transporte. Essa percepção e a procura por produtos de maior valor agregado aumentam a demanda por profissionais mecânicos qualificados”, afirmaTakayanagi.
Além dos seminários técnicos, a empresa oferece treinamentos básicos e avançados para algumas lojas credenciadas. Em 2012, a ideia é ampliar esse credenciamento para 150 lojas que irão participar do treinamento duas vezes por ano para conhecer o que há de mais moderno no setor. O presidente explica que a gama tão variada de peças fez com que a empresa sentisse essa necessidade de transmitir a tecnologia e o conhecimento para os mecânicos e para as lojas.
Takayanagi acredita que a capacitação incentiva um maior uso da bicicleta. “Quando uma pessoa vai a uma bicicletaria, o vendedor pode ajudar bastante na escolha, mas é o mecânico quem oferece mais confiança”, afirma. Para Takayanagi, o uso da bicicleta está num bom momento no Brasil e pode sim se tornar uma alternativa de transporte para cidades grandes como São Paulo, por exemplo.
“Antes de vir ao Brasil, eu morava na Holanda e lá a bicicleta é um meio de transporte para toda a população. Trata-se de um ciclo e acredito que quanto mais a sociedade se desenvolve, mais ela tem consciência da preservação do planeta. Já aconteceu na Europa e vai acontecer por aqui também”, prevê.
Capacitação para jovens e crianças
Outra iniciativa da empresa, criada no ano passado, é um curso de mecânica para comunidades carentes do Rio de Janeiro. “Durante uma semana, em 40 horas, treinamos 30 jovens com idades entre 15 e 18 anos e muitos deles já estão trabalhando”, comemoraTakayanagi. O objetivo, segundo o presidente, era tirar esses jovens do ócio e capacitá-los para que se desenvolvessem em uma profissão. “Hoje eles têm um elo pessoal com quem os treinou e inclusive ligam para empresa quando têm dúvidas ou apenas para agradecer a oportunidade”, ressalta.
Em São Paulo, a Shimano também criou um projeto em 2011 chamado Pedala Zezinho, que consiste em ensinar crianças a consertar suas bicicletas. O trabalho é feito com a população carente da zona sul da cidade por voluntários e técnicos da empresa em conjunto com a ONG Casa do Zezinho. “Com essa ação é possível despertar o interesse dessas crianças para que no futuro, quem sabe, elas se tornem profissionais da área”, afirma Takayanagi. O projeto ainda não tem uma frequência pré-determinada, mas no ano passado foram realizadas quatro oficinas.
Fonte: Movimento Brasil
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