Comissão presidida por José Carlos de Salles Gomes Neto, a de Sustentabilidade aprovou a tese “A indústria da comunicação como elemento catalizador para mobilizar e engajar a sociedade civil em um plano de sustentabilidade”. A comissão contou, ainda, com a participação do editor de comunicação do Meio & Mensagem, Alexandre Zaghi Lemos, como relator, com Hiran Castello Branco, vice-presidente de operações da ESPM, como secretário-executivo e, por fim, destacaram-se como palestrantes o jornalista e professor André Trigueiro, o presidente-executivo da Editora Abril, Fabio Barbosa, e a ex-Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Em sua introdução do tema, Salles Neto apresentou o desmembramento da tese em três proposições que a Comissão levará ao mercado. A equipe sugere que seja feita uma campanha anual, aos moldes da Campanha da Fraternidade, promovida pela Igreja Católica, para incentivar o debate sobre o tema da sustentabilidade. Em segundo lugar, defende o endosso e recomendação dos Indicadores de Sustentabilidade para a Indústria da Comunicação e que as empresas passem a fixar metas mensuráveis para suas ações nessa área. Finalmente, o grupo defendeu que sejam realizados trabalhos para estimular as boas práticas de comunicação em sustentabilidade, que enalteçam ações da iniciativa privada e de ONGs.
Primeiro a expor suas ideias na Comissão, Fabio Barbosa ressaltou a mudança do modelo de relacionamento entre pessoas, governos e empresas de “independente” para “interdependente”. E esse mundo em rede pede um novo jeito de fazer negócio. “Não é necessário abrir mão da economia pelo sustentável, porque está provado que as empresas que têm práticas de sustentabilidade são as que mais vendem”, disse Barbosa. Para o executivo, as empresas precisam aprender a colocar a sustentabilidade no seu dia-a-dia e não encará-la como ação compensatória.
O jornalista André Trigueiro avaliou a própria formação dos profissionais de sua área que, segundo ele, que também é professor na PUC-RJ, não são preparados para lidar com um mundo de esferas distintas mas interligadas e não recebem formação particularmente para os assuntos relativos à sustentabilidade. “Clima é um assunto para todas as editorias; não há diferença entre economia e sustentabilidade. E todos que levam a sério a sustentabilidade correm risco, assim como falar em inovação é fácil, mas vai fazer para ver”, instigou.
Trigueiro destacou que o jornalista – para o bem ou para o mal – também exerce um papel de educador e isso lhe impõe (ou deveria) uma reflexão ética sobre o seu trabalho. Ele também destacou a expansão da comunicação via internet que tornou todas as pessoas provedoras de conteúdo e que essa desconstrução da indústria da comunicação também é um momento para usar a informação na construção de um mundo melhor e sustentável. Para ele, a Rio+20 será um teste e o que as grandes redes de comunicação não cobrirem estará na rede mundial de computadores e nas redes sociais. A internet, acredita, definirá os rumos da sustentabilidade.
A Marina Silva coube tratar de como a ideia de desenvolvimento sustentável tem reflexos nas políticas públicas. A ex-ministra destacou o momento de crises econômica, social e ambiental. “Cinquenta por cento do PIB dos países em desenvolvimento provêm de sua biodiversidade. Comemora-se quando o PIB sobe 4%, 5%, mas continuamos destruindo sua matriz”, disse.
A situação atual, para a ex-ministra, demandará um grande esforço civilizatório para o qual os comunicadores podem dar uma grande colaboração, já que hoje as múltiplas plataformas de mídia estão criando “um novo acervo de experiências”. O momento, pregou Marina, é de fazer um enorme esforço para reerguer o planeta. Ela acredita que o fato de o Brasil ser um dos países em que a preocupação com a sustentabilidade é maior deve-se em parte à colaboração dos comunicadores.
Marina Silva defendeu a presença de novas lideranças na política e nas empresas, lideranças que ajam pelo exemplo.
Fonte: M&M
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