A Comissão Criatividade e Sucesso, presidida por Alexandre Gama, diretor geral da Neogama/BBH, trouxe à plenária dois brasileiros renomados em suas profissões: o chef Alex Atala, proprietário dos restaurantes DOM e Dalva e Dito, e o artista plástico Vik Muniz. Em seus segmentos, cada um usa a criatividade de maneira diferente, mas conseguem capitalizá-la como insumo. Apesar de serem reconhecidos internacionalmente e premiados, ambos transcederam a barreira entre a criatividade original e a eficaz, e conseguiram desenvolver produtos estratégicos e de valor. Algo de que o mercado necessita.
Para Atala, falar de criatividade é uma coisa dificil, mas é uma demanda recorrente em sua profissão. “Quando você é uma pessoa que fez o que ninguém esperava, a criativdade é uma imposição e tive de entender. Me pergunto: quantas atitudes são fruto da nossa inteligência e não condicionamento?”. O chef ressalta que quando se alcança a posição que ele conquistou (recentemente o DOM foi eleito o quarto melhor restaurante do mundo) é fácil ser alvo de críticas e questionamentos, mas não se trata de sorte e sim de resultado de um trabalho aplicado.
Vik Muniz acredita que ao pensar em criatividade, o ser humano afeta o seu próprio processo criativo. “A criatividade acontece por sorte, por você estar em um determinado local ou por você estar exposto a algo”. Ele destaca, que a pior coisa que um artista pode ouvir, é a expressão de que o seu trabalho é comercial. Mas que deve ser mesmo, pois artistas também precisam pagar contas.
Alexandre Gama argumenta que a criatividade é um insumo e deve ser trabalhada e cobrada como tal. Por isso, entre as proposições da comissão, está um trabalho em conjunto entre as associações que regem os profissionais de propaganda, da fotografia, mercado fonográfico e audiovisual, para que a criatividade tenha papel diferenciado em negociações, concorrências e mesas de compras, por exemplo. Entre outras teses, a Comissão propõe que seja feito um trabalho direto com as instituições de ensino, para que a criatividade seja uma disciplina para o alunos. “O objetivo é preparar melhor os profissionais de criação e também os profissionais que estão do outro lado da mesa e que pagam por isso”, avalia.
Galinhada do Atala
O comportamento da classe C e D se tornou assunto quando Alexandre Gama pediu para Atala explicar o episódio da Virada Cultural 2012, em que o chef serviu 500 pratos de sua receita de galinhada em uma barraca localizada no Minhocão, em São Paulo. Entretanto, a procura foi mais de dez vezes superior ao esperado e isso gerou uma confusão no local, rendendo muito assunto na mídia. “É incrível como um prato regional ganhou tanto destaque. Quando classe C e D vai para a rua, há uma demanda reprimida. Quando uma senhora sai de sua casa, acreditando que vai comer algo que nunca comeria na sua vida. Que incrível o chef sair do restaurante, e ir a frente de um público que jamais iria comer no seu estabelecimento. Ouvi críticas, mas ninguém se propôs a fazer o que eu fiz”, disse.
Nesse sentido, o de levar a sua obra para as massas, Muniz destacou uma mostra em especial a The Sugar Children, que aconteceu no Moma, museu em Nova York, no ano de 1995, como um divisor de águas em sua carreira. As imagens foram feitas a partir de grãos de açúcar para mostrar toda a doçura dos filhos de trabalhadores de canaviais. Para criar os trabalhos, ele teve de participar ativamente da vida das crianças durante muitos dias e acredita que é essa aproximação com todas as classes é uma das principais conquistas de um artista. Chamou a atenção a maneira como Muniz trata o seu público. Enquanto muitas marcas e profissionais da propaganda classificam a classe C e D como objeto de estudo, é justamente para esse público que o artista diz que cria. “Fico feliz quando a atendente da pizzaria me reconhece por meu nome, ou quando ouço que enfermeiras se organizaram para ir à minha exposições. Quando desenvolvo uma mostra, penso em minha mãe, que foi a uma galeria de arte pela primeira vez, para ver uma exposição minha”.
Fonte: M&M
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