Notícia

O poder transformador das UPPs

05/10/11

Criadora do projeto Rio 1416, a NBS convidou um grupo de clientes e funcionários para conhecer a UPP Cantagalo e complexo Pavão-Pavãozinho

Para captar as oportunidades e a transformação que a cidade do Rio de Janeiro está experimentando com a proximidade de grandes eventos esportivos, a NBS iniciou recentemente o projeto Rio 1416. A iniciativa teve como ponto de partida uma sondagem com formadores de opinião locais como o economista Sergio Besserman Viana, ex-presidente do IBGE; Jailson de Souza e Silva, fundador do Observatório de Favelas; e a administradora Cláudia Costin, secretária estadual de Educação. Nas entrevistas, ficou constatado que mais do que sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, a grande força propulsora de transformação social na capital fluminense é o episódio das Unidades de Polícia Pacificadora.

A partir dessa constatação, a NBS começou a investigar melhor o trabalho das UPPs em algumas comunidades e até chegou a promover uma mesa redonda, na sede da agência, com alguns capitães dessas unidades. As UPPs começaram a ser implantadas pelo governo estadual do Rio de Janeiro em dezembro de 2008 e consiste em um novo modelo de Segurança Pública e de policiamento que tem como ponto central a aproximação entre a população e a polícia, aliada ao fortalecimento de políticas sociais nas comunidades. Atualmente, existem 19 UPPs instaladas em diversas favelas fluminenses e a meta até 2014 é que esse número chegue a 42 atingindo um total de 1 milhão de pessoas.

Para compartilhar um pouco esse trabalho e promover uma troca de experiência, a NBS convidou um grupo de clientes e funcionários – do qual tive o privilégio de fazer parte – para conhecer a UPP Cantagalo e complexo Pavão-Pavãozinho, na última sexta-feira, 30. Foi uma experiência inesquecível. Uma oportunidade única de constatar um projeto realmente sério de transformação que está tirando da margem da sociedade pessoas que antes viviam sob o domínio do tráfico de drogas. Ao recuperar territórios ocupados há décadas por traficantes e, recentemente, por milicianos, as UPPs têm conseguindo, como um trabalho de formiga, levar paz às comunidades.

Como essas pessoas estavam à beira de qualquer tipo de inserção social há muito tempo, o trabalho é estrutural, de base e, principalmente, de conquista. A UPP de Cantagalo teve início em dezembro de 2009, primeiramente com uma ocupação, que em um primeiro momento é feita por meio de conflito com os traficantes, como foi o caso da ocupação do Complexo do Alemão, em novembro passado, cujas imagens dos traficantes fugindo ganhou o mundo. No Cantagalo não foi diferente. Por ser uma comunidade encravada no coração de Ipanema, houve um período de tensão entre os moradores do entorno da favela durante a ocupação, no final de 2009.

“Após a ocupação, há um trabalho intenso de conquista da confiança dos moradores. A referência que eles têm de policial é do cara que vinha subia o morro para matar bandido e ia embora. Nossa proposta é diferente. Viemos e ficamos e estamos aqui em nome da paz”, explica o capitão Nogueira, responsável pela UPP do Cantagalo e complexo Pavão-Pavãozinho, que tem um contingente de 196 policiais para atender à população de 20 mil pessoas dessas comunidades.

Andando pelas ruelas do complexo, o clima é de tranquilidade e muita atividade. De homens prestadores de serviços da Oi instalando cabos e fiações a caminhões das Casas Bahia fazendo entrega de mercadorias aos moradores locais, passando por obras em diversas residências, é nítida a pulsação do local.

Desde que o complexo de favelas ganhou uma UPP, o local não para de receber turistas. O Complexo Rubem Braga, que faz a ligação direta das comunidades com a estação do metrô General Osório, chama a atenção, assim como o Elevador do Morro do Cantagalo, com 65 metros de altura. Ao chegar no alto, chega-se a um mirante, que a pedido dos moradores, chama-se Mirante da Paz e de onde se pode conferir a estupenda vista do Morro Dois Irmãos, a Lagoa Rodrigo de Freitas e a Floresta da Tijuca.

O capitão Nogueira destaca a importância da iniciativa privada nesse processo de pacificação. “Alguns acham que temos que resolver tudo, de falta de energia elétrica a asfalto, mas nossa função não é essa e sim garantir a paz à comunidade. No entanto, há uma completa falta de coisas básicas e por isso o governo tem firmado alguns acordos com o setor empresarial para que as coisas possam acontecer por aqui”.

Convênios com o Sesi, Senac e Firjan tem sido firmados para que essas entidades, por meio de seus associados, possam oferecer seus serviços às pessoas. Afinal, a partir do momento em que esses moradores passam a ser inseridos na sociedade criam-se novas demandas econômicas e oportunidades para as marcas.

Merece destaque o trabalho que a Coca-Cola faz nessas comunidades por meio do projeto Coletivo Coca-Cola, um curso de preparação para o varejo que capacita jovens entre 15 e 25 para o mercado de trabalho. No Cantagalo, as aulas são ministradas no Espaço Criança Esperança, o único da comunidade com infraestrutura esportiva e escola (são apenas três em toda a comunidade) e onde os soldados da UPP também desenvolvem um trabalho social de treinamento em esportes para as crianças da comunidade.

A NBS espera concluir o trabalho de levantamento de dados sobre o impacto das UPPs que faz parte do projeto Rio 1416 até novembro quando está prevista uma apresentação ao mercado.

Fonte: M&M – de Regina Augusto