Tenho muitos anos de mercado. Sou um curioso nato. Gosto de
conhecer as histórias das pessoas, os seus planos para o futuro. Como professor, convivo há anos com os jovens, das mais diferentes classes sociais. Nunca conheci um que aspirasse a uma carreira que iniciasse como vendedor em um varejo.
Experimente ir a uma loja e conversar com os vendedores. Os jovens estão ali de passagem. Ganhando para
pagar seus estudos, ou o básico, para serem financeiramente independentes até encontrarem uma posição melhor. Os mais velhos são aqueles que foram ficando por falta de uma melhor opção.
Usualmente, ser vendedor em um varejo não é visto como o primeiro passo na construção de uma carreira no
comércio, mas o cenário que algumas pesquisas desenham para um futuro, que se avizinha rapidamente, deverá revolucionar esta percepção.
Lojas sem paredes
Hoje, para uma crescente parcela da nossa população, o ato de comprar extrapolou as lojas físicas. Compramos por telefone, na
TV, em ATMs e quiosques, nos nossos smartphones e tablets.
Principalmente nestes dois últimos, podemos conhecer profundamente o que buscamos comparar: atributos, benefícios e preços. Podemos até registrar nossas opiniões sobre as marcas, compartilhando-as, sem intermediários, com milhões de pessoas.
Vejam só alguns números. Em 2011, foram vendidos R$ 18,7 bilhões pelo e-commerce, no Brasil (ecommerceOrg), um crescimento de 26% em relação ao ano anterior.
Nos EUA, no 3.º trimestre de 2012, as vendas no e-commerce alcançaram US$ 41,9 bilhões, mais 15% em relação a 2011. Nos dispositivos móveis, e-mobile, para o mesmo período, foram US$ 20,85 bilhões, num incrível crescimento de 98,6%! comparados com o mesmo período do ano anterior (ecommerce News).
Uma carreira sedutora
O que essas informações nos sinalizam? Uma profunda alteração nos modelos dos varejos que vendam produtos mais sofisticados e de maior valor. Essas lojas, em alguns anos, irão se transformar em “áreas de experiência das marcas”, locais onde iremos para vivenciar os produtos que selecionamos nas mídias sociais e sobre os quais ainda não nos decidimos.
Neste sentido, os vendedores das lojas terão que cumprir o papel de “Embaixadores das Marcas”, o que irá requerer uma capacitação profissional inteiramente diferente da atual. Muito mais treinamento (técnico, de vendas, de relacionamento, etc.), visando muito mais ao aconselhamento e à persuasão.
Este futuro, talvez apresente para os jovens uma nova visão da importância de um profissional de vendas nas lojas. Uma verdadeira carreira, muito mais sedutora, pelos desafios e possibilidades que irá proporcionar.
Fonte: Mundo do Marketing por Gilberto Strunck