Notícia

Julio Ribeiro e o marketing de atitude

31/07/12

Em seu quarto livro, presidente da Talent aborda a importância da atitude como ferramenta de marketing para as empresas

Quem perde alguns minutos no hall de entrada da sede da Talent, em São Paulo, pode ler, entre as frases que resumem sua missão, que, “sem paixão, tudo o que se produz fica medíocre”. Esta declaração está presente, também, no prefácio que José Eustachio, sócio da agência, escreve em Marketing de Atitude — como Fazer suas Equipes e seus Clientes Gostarem de Você, de autoria do sócio e presidente da Talent Julio Ribeiro.

O ponto de partida para o livro — o quarto escrito por Ribeiro — foi um componente que passou a aparecer em pesquisas realizadas pela equipe dele. Entre as respostas a levantamentos distintos, a palavra “atitude” passou a ser ouvida com frequência. Sinal, para o autor, da importância que passou a ter na criação da boa relação entre empresas, funcionários e clientes.

É na conjunção de “atitude” e “paixão pelo que se faz” que, explica Ribeiro, se constrói uma relação forte e consistente entre marcas, seus representantes e os consumidores. “Trate bem seus funcionários. Se você gostar deles, eles também vão gostar do seu cliente — e o cliente não te abandonará nunca mais”, afirma, resumindo a premissa do livro.

Como profissional de planejamento que se preze, o autor comprova a própria tese enumerando uma série de exemplos. Entre eles a rede norte-americana de supermercado Walmart, que dissemina entre os funcionários uma cultura de propriedade e pertencimento à companhia. Resultado: colaboradores motivados, sem razões para destratar clientes. Totalmente dispostos a fidelizá-los à rede.

Nas pesquisas para o livro, Ribeiro buscou achar o maior vendedor de que se tem registro. Recorreu ao Guiness Book e encontrou Joe Girard, norte-americano que vendeu, em 1973, 1.420 veículos em um ano, uma média de 134 por mês. Ou quatro carros por dia. Este mesmo número levava um mês para ser alcançado por outros vendedores. “Quando fechava negócio com um cliente, dizia: ‘Você está comprando o carro e eu. Se tiver qualquer problema, me ligue e eu resolvo’. E teve quem ligasse às 2h da manhã. Ele colocava o terno, saía de casa e resolvia o problema.”

Em uma eclética bacia de exemplos, Ribeiro cita ainda uma escola de samba. Segundo ele, apenas uma escola de samba consegue colocar milhares de pessoas para trabalhar, de graça, ao longo de um ano para aprontar fantasias suficientes. Convence, ainda, essas pessoas a levantar fundos que bancam a construção de carros alegóricos. E, por fim, faz esses mesmos cidadãos pagarem pela fantasia que lhes custa meses de salário e dura uma noite. “Cada desfile é um milagre. E a comunidade repete esse milagre ano a ano”, afirma o autor, resumindo como é possível realizar tarefas aparentemente impossíveis apenas pela força de vontade, com paixão pelo que se faz.

Por fim, Ribeiro cita a própria Talent, agência que fundou e, em 2010, foi vendida ao Publicis Groupe. “Aqui, todos recebem participação nos lucros, da faxineira aos sócios; aqui, ninguém grita. E, se perdemos algum cliente, a culpa é minha, e não de outra pessoa”, relata.

Seja a Talent ou uma escola de samba, todos os exemplos citados partem de um só pressuposto: lidamos — empresas, clientes e funcionários — com seres humanos. E é o ser humano, conforme Ribeiro, que deve ser motivado e tocado pela empresa para que se envolva afetiva e, portanto, efetivamente com aquilo que faz ou consome.

Com o livro, Ribeiro oferece, além de conselhos, um compêndio para educar esta e as próximas gerações sobre o modo de engajar pessoas. Em um momento no qual a comunicação virou diálogo (e não mensagem, como antes), não poderia ter sido mais pertinente.

Fonte: M&M