A inovação reversa não é invenção de Vijay Govindarajan, que estará no Fórum HSM Estratégia 2012, nem é exatamente uma novidade no mundo dos negócios. O que esse indiano professor da Tuck School of Business fez foi observar que este é o momento para que ela ocorra, tempo de aproveitar as oportunidades que vêm, como água morro acima, dos mercados de rápido crescimento no mundo.
Segundo Jeff Immelt, CEO da General Electric, Govindarajan e Trimble oferecem uma estrutura para a nova fase da globalização. O executivo se refere ao livro Reverse Innovation (ed. Harvard Business School), escrito pelo pesquisador indiano radicado nos Estados Unidos em parceria com Chris Trimble, também professor da Tuck School e especialista em inovação.
O termo “reversa” vem da direção do movimento: a criação ocorre nos mercados novos e se expande para os antigos e para o mundo todo, em vez de acontecer nas grandes forças do século XX (Estados Unidos, Europa e Japão) e, então, espalhar-se pelo globo.
Há meio século, o Gatorade
O fenômeno da inovação reversa já acontecia nos anos 1960 e deu origem a nada menos do que o conhecido Gatorade, um produto que hoje é da Pepsico e que se parece “muito americano”. Não é bem por aí: em plena epidemia de cólera em Blangladesh e no Sul da Ásia, médicos ocidentais descobriram que uma bebida de fórmula equivalente à desse isotônico era prescrito para hidratar os pacientes de maneira que o ocidente não admitiria até então, isto é, com carboidratos. Tratava-se de um uso comum na medicina ayurvédica e, portanto, já computava milhares de anos.
Tendo sido essa novidade publicada em uma revista britânica de medicina, um médico da University of Florida resolveu testá-la em jogadores de futebol americano. Aliás, o time é conhecido como os Gators, daí o nome Gatorade. Pronto: de Bangladesh para os Estados Unidos e, de lá, para o mundo.
“A água pode não subir morro acima, mas a inovação sobe!”, entende o reitor da Rotman School of Management do Canadá, Roger Martin, sobre o peculiar processo de inovação reversa.
A curiosidade é a chave do sucesso
A inovação reversa, para Govindarajan e Trimble, é uma oportunidade aberta a qualquer um em qualquer parte e tem potencial para redistribuir o poder e a riqueza no mundo, levando-os para as mãos, não dos pobres, mas daqueles que a compreenderem e tiverem o ingrediente principal: curiosidade. Líderes e inovadores de empresas precisam ser muito curiosos em relação às necessidades e oportunidades que estão no mundo em desenvolvimento.
Essa tal curiosidade vem com um olhar especial que levou, por exemplo, o Walmart a considerar não ser gigante – não em potência, mas em tamanho de loja. Isso aconteceu quando a marca desembarcou por aqui, na América Latina, e descobriu que sua fórmula do sucesso não poderia ser simplesmente transferida para cá na mesma escala. Afinal, países como Brasil, Argentina e México estavam acostumados a lojas mais aconchegantes.
Mais do que isso, o formato menor de loja é ideal para consumidores que não podem comprar para estocar e que, muitas vezes, vão até o supermercado a pé, de ônibus ou de bicicleta. Adotar lojas menores foi um modo de se adaptar à cultura local.
Onde está a inovação reversa dessa mudança? Govindarajan e Trimble explicam: “Em 2011, o Walmart estava fazendo algo muito difícil de imaginar há poucos anos. Levava seu conceito de loja pequena de volta para os Estados Unidos. Afinal, o mercado para as lojas grandes estava saturado”.
Inspirados pelas palavras de Immelt, que afirmou que as grandes empresas dos países emergentes podem vir a destruir a GE, quando as gigantes velhas conhecidas não podem, os autores afirmam: “A inovação reversa não é opcional. É oxigênio”.
Fonte: Portal HSM
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